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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Resenha de Livro: Destino

Cassia tem absoluta confiança nas escolhas da Sociedade.

Ter o destino definido pelo sistema é um preço pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável, um emprego seguro e a certeza da escolha do companheiro perfeito para se formar uma família.

Ela acaba de completar 17 anos e seu grande dia chegou: o Banquete do Par, o jantar oficial no qual será anunciado o nome de seu companheiro. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander – bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos –, tudo parece bom demais para ser verdade.

Quando a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo, o mundo de certezas absolutas que ela conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés.

Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão. Entre a ordem estabelecida e a promessa de um novo mundo.


Destino foi um desses livros que não precisou fazer esforço pra me chamar atenção. Na primeira vez que vi a sinopse e a capa na internet, eu soube que queria lê-lo o quanto antes.

Não sei bem explicar. A capa é belíssima, ok. No entanto não é como se a idéia do livro fosse original. O que gostei foi que essa idéia (de um futuro com um governo controlador e uma pessoa que decide questionar) esteja em um livro novo, com uma linguagem simples e jovem. Pronta para atingir essa nova massa de adolescentes ávida por livros de ficção.

O livro chegou aqui em casa sábado à noite, e mesmo com outras leituras em curso, não resisti. E não me desapontei. A pesar do começo meio parado, e da narração no presente (que geralmente me incomoda) Ally Condie me cativou. Ela escreve de um jeito tão doce. É simples, envolvente.

De longe, dá pra notar que Cassia, a protagonista, não é a personagem mais interessante. Na verdade só comecei a gostar dela perto do final. Mas Ky é o tipo de personagem que você conta as páginas pra ver de novo, pra conhecer melhor. E fiquei absolutamente encantada com a sabedoria do avô paterno de Cassia, cujo nome não lembro de ter sido mencionado.

Em Destino, o primeiro livro de uma trilogia (de acordo com o site oficial da autora), acompanhamos o "despertar" de Cassia. Uma série de acontecimentos a leva a questionar até que ponto o sistema em que ela vive é perfeito. Se realmente vale a pena abrir mão de fazer escolhas, para ter uma vida sem problemas. Se não é melhor correr riscos, se não é melhor não ter certeza do amanhã.

Os Funcionários da Sociedade não vêem com bons olhos os questionamentos de Cassia. Eles não gostam nem um pouco que ela considere a possibilidade de escolher o que gostaria para o seu futuro. Eles vigiam sua casa, seus sonhos. Há Funcionários nas ruas, em todo lugar.

É interessante observar que o livro é bem direto. Você não precisa ler nas entrelinhas pra começar a refletir: "Será que estamos caminhando para um futuro como esse?".

Eu pensei logo em como nós jovens às vezes temos dificuldade de tomar decisões, escolher, e sentimos vontade de jogar essa responsabilidade nas mãos de alguém. Quantas vezes já não nos pegamos pensando como seria mais fácil se nos apontassem a profissão perfeita, o par perfeito... Se não houvessem doenças que interrompessem tão abruptamente a vida de pessoas tão jovens, se os idosos não sofressem com o envelhecimento... Se todos tivessem uma boa casa, se recebessem comida de acordo com suas necessidades, se fossem todos à escola.

A Sociedade descrita em Destino, no entanto, não domina o mundo inteiro. Existe uma periferia, além das fronteiras da Sociedade, onde vivem as Anomalias. Pessoas que foram expulsas da Sociedade por algum motivo. Há uma guerra nas fronteiras. As pessoas morrem o tempo todo nas Províncias Exteriores. Nesse ponto, percebemos como esse modelo é ao mesmo tempo futurista e primitivo. Impossível não pensar na antiga Esparta, que não admitia pessoas imperfeitas. Impossível não pensar na Alemanha nazista, quando os jovens vão ao cinema da cidade e assistem a um filme sobre como a Sociedade é a melhor coisa que já aconteceu na Terra. Impossível não pensar nas ditaduras, quando vemos que filmes, músicas, poesias, pinturas e etc. foram censurados. Apenas cem obras de arte de cada tipo sobreviveram. Todo o resto foi destruído. Ou pelo menos é o que a Sociedade acredita.

Destino já entrou na minha lista de favoritos. E o livro terminou deixando ainda muita história pra contar. Estou esperando muito mais ação para o segundo livro, que será lançado em novembro nos EUA. Não tenho dúvidas de que vai ser ainda melhor.

Você pode ler online os três primeiros capítulos clicando aqui.

Recomendo a leitura. Muito mesmo!

8 comentários:

  1. De cara percebe-se uma semelhança fortíssima (não plágio) com o clássico Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_cl%C3%A1ssicos_da_literatura#Literatura_da_l.C3.ADngua_inglesa). Dei uma "googlada" e descobri que não sou o único que percebeu a semelhança. Mas encontrei gente que exagera ao ponto de dizer que é plágio! Dá pra perceber que foi só inspiração.

    Destino parece ser legal. Sou suspeito pra falar, porque quando li a ficção de Aldous Huxley, adorei o tema.

    Recomendo também Admirável Mundo Novo, principalmente a quem não estiver disposto a se aventurar em um romance (Destino é um romance?). Admirável Mundo Novo é um livro de filosofia profunda, mas não é uma leitura massante, é um livro leve.

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  2. Destino tem romance, mas não achei aquele romance exageraaaado... É bem delicado, na verdade. Nada "Crepúsculo", assim. É bem verdade que o que levanta os questionamentos de Cassia é a questão da formação de Pares, porque ela percebe que pode se apaixonar independente das escolhas que a Sociedade faz pra ela. Acredito que o livro deve agradar mais o público feminino, mas não é um "livro de mulherzinha", sabe?

    É, eu também vi muita gente comparar com "Admirável Mundo Novo". E também com "1984".
    Por isso que falei no início do post que a idéia não é novidade. Mas é legal trazer essa idéia de novo, né? Manter o tema em discussão.

    Vergonhosamente, eu só conhecia "Admirável Mundo Novo" de nome, e não sabia nada do enredo até ver as comparações. Então confesso que fiquei com muita vontade de ler.

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  3. Juro que pensei em Admirável Mundo Novo quando li sobre o livro também! A propósito, muito boa a resenha!

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  4. Obrigada, Lucas! Estou me esforçando pra escrever esse tipo de texto. Me custa um pouco.

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  5. - Giovanna, me parece um livre bem interessante. Confesso que nos últimos tempos eu penso mais em trabalho e menos em literatura que dá prazer. Mas posso tentar conhecer este, né? Ler é sempre bom :)

    Beijo!

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  6. Dia 29 de maio (domingo) na Saraiva Boulevard a partir das 15 horas haverá um super evento de lançamento dos livros da Editora Underworld.
    http://twitpic.com/4vodjx Vamos lá? Terá sorteios de livros, brindes e muitas gincanas! Convide seus amigos.

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  7. Oi, Giovana!
    Eu meio que concordo e discordo da sua resenha. Achei que Destino é uma distopia estranha. Não que o livro não seja bem elaborado e a história não tenha seu toque especial. Porém eu simplesmente, não suporto personagens sem personalidade ou vontade própria. E no começo, como você mencionou, Cassia é isso. Tudo bem que o assunto no qual a trama do livro gira em torno é a falta de livre arbítrio, o controle quase total de um ser humano sobre o outro.
    Porém, para alguém como eu, que é extremamente feminista e não suporta ser controlada, o livro se torna cansativo.
    Agora, eu não achei o Ky apaixonante. Ele é previsível. Uma fofura, querido e tal. Nos garotas gostamos de caras desse tipo. Mas é tão perfeitinho que parece irreal e irritante.
    O restante dos personagens são bem remotos. A alguns outros fundamentais, e de certa forma, mesmo não sendo tão bem trabalhados, são mais faceis de engolir.
    Fora isso, acho que a autora conseguiu fazer uma história que te leva para um lugar um tanto triste e que te vezes que te emociona. Sabe, sendo eu do tipo que analisa tudo, teve momentos em que eu fiquei parada com o livro na mão encarando a parede, enquanto pensava consigo mesmo: é verdade. Em grande parte dos provem das poesias contidas no livro, todas tão bem posicionadas, vindos na hora em que eu estava quase dormindo de tédio que eu tenho que dar certo credito a ela. Soube realmente como me manter lendo o livro até o fim.
    E com toda certeza, apesar dos momentos chatos, esse livro me fez pensar.
    Beijos para você.

    Laryssa
    http://www.literaturaummundoparapoucos.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Obrigada pelo comentário, Laryssa!

      Gostei muito =)

      Acho muito legal quando alguém coloca sua opinião (concordando ou discordando) de uma maneira tão simpática quanto você fez!

      É bacana isso sobre os livros, porque cada pessoa percebe as coisas de uma forma, e trocar essas impressões é realmente enriquecedor!

      Um abraço,
      Giovanna.

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